Slide

Pesquisar

A BAIUCA


A BAIUCA
Que vontade de caminhar até a Bauica da Praça Roosevelt (que não existe mais),sentar numa mesa de fundo (sempre ocupada), pedir um Dimple (difícil encontrar), acender um cigarro (proibido), pedir ao Moacyr Santos algo para o Pedrinho Miguel cantar (ambos aposentados) esperando o Araken Peixoto (não sei por onde anda),puxar um solo no piston...Na segunda dose a linda morena, num vestido branco semi transparente, entra de mansinho e sorri no entre-olhos (sempre um sonho), ao pedir licença e se debruçar para ter o cigarro aceso.
Que saudade, que saudade !!!
Poucas casas noturnas da Boemia Paulistana marcaram tanto como A BAIUCA. Chegou a ser sinônimo de boemia, de "vida noturna".
A verdade é que a Baiuca se confundia com a própria boemia paulistana. Os boêmios se socorriam nela com fome de poesia e lirismo da alma e a outra do corpo, que era muito bm suprida pelos ótimos files que lá encontrávamos. Era comum sentarmos lindeiros a expoentes da música popular brasileira, seja por residirem em São Paulo, seja por estarem em visita. Vivi seus últimos tempos de glória e o ocaso dos cinco anos finais. Atesto que o lirismo e a boemia nunca viraram as costas para este casa.
Não era difícil encontrar o Dick Farney, sempre bem acompanhado, numa mesa ou ao piano. O Paulo Cesar Pinheiro, quando vinha a São Paulo, virava alguns copos por lá. Chico, Elis Regina e, até, O Poeta por lá passaram.
Na Baiúca, por exemplo, era comum assistir a shows do Cauby, do Jonny Alf e, até, do citado Dick Farney. Foi lá que o Zimbo Trio, o grupo mais representativo da Bossa paulista, se formou. Dizem que Vinicius de Moraes soltou a famosa sentença nos ouvidos do pianista Johnny Alf: "São Paulo é o túmulo do samba" (ao meu ver tremenda injustiça do Poeta que, naquela oportunidade, devia estar sóbrio).
A Baiuca vivia lotada. "Tinha que morrer um para outro poder entrar", brinca o ex-caixa da Baiúca, Renato Orbetelli, 60 anos.
"O clima da Baiúca era incrível. A música era sensacional e a comida, nem me fale. Tinha um filé à Chateaubriand (com molho mostarda) que era imbatível", diz Rubinho, 75 anos, baterista fundador do Zimbo Trio. "Os melhores estavam na Baiúca. Tudo aconteceu lá dentro", completa o lendário baixista Sabá,, que na época acompanhava Johnny Alf.
As mesas da Baiuca sempre seguiam lotadas. O clima era acolhedor e sempre de festa. Era lugar de comemorações e de lamentações. Tudo era festa ou motivo para festa, seja para lembrar ou prá esquecer. Seja para o encontro, para o reencontro ou mesmo o desencontro. O copo sempre cheio, os olhos brilhando e o coração, mesmo triste, sorria para a noite da casa que tinha a exata cara da Boemia Paulistana.
Sua filial, nos Jardins, também foi muito acolhedora, com uma cozinha mais bem executada. Muitos dos músicos e cantores que circulavam na Matriz migravam para a Faria Lima (local da filial). Entretanto, ao menor aceno, retornavam à "casa mãe" do Centro.Muitas casas dos dias de hoje se inspiraram na Baiuca mas nenhuma conseguiu alcançar seu brilho, sua magia, estas ficaram na saudade. A Baiuca não sobreviveu á degradação do Praça Roosvelt, mas nunca morreu ou foi esquecida nos corações daqueles que por lá passaram.
Muitas casas dos dias de hoje se inspiraram na Baiuca mas nenhuma conseguiu alcançar seu brilho, sua magia, estas ficaram na saudade. A Baiuca não sobreviveu á degradação do Praça Roosvelt, mas nunca morreu ou foi esquecida nos corações daqueles que por lá passaram.

Texto extraido do Blog http://boemiapaulistana.blogspot.com.br/2010/08/baiuca.html

Um comentário:

  1. Frequentei o BAIUCA durante 10 anos. Toda sexta ou sábado.Além do seu file maravilhoso, lá conheci o "file" da musica brasileira e quando o meu ídolo, Dick Farney, cantava e derretia o piano, eu não arredava pé.Nunca fui à filial, nos Jardins, porque a Baiuca da Roosevelt era e é eterna!!!!!

    ResponderExcluir